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mesmos e apenas em pensamento, seria um modo de perder a sintonia com a energia do sagrado, e de distorcê-la.

É desta maneira que os reais segredos são mantidos. Eles pertencem a seus próprios níveis de consciência e não podem ser transportados ou traduzidos para dimensões mais grosseiras. Seria o mesmo que pretender fritar neve, ou prender ar puro em um quarto pequeno com portas e janelas fechadas. Há uma diferença entre ver diretamente o nascer do sol e olhar para uma foto do sol quando ele está nascendo.

Além disso, a busca da experiência sagrada é uma coisa, e a maneira como a experiência direta do sagrado vem até o buscador é outra coisa. Há energias que sobem, e energias que descem.

Quando a experiência do sagrado vem até alguém, ela responde ao bom carma da busca realizada, e usa a energia criada pelo esforço na direção do mais alto; mas a usa de uma maneira inesperada e transcendente.

O sentimento do sagrado sugere para cada buscador algo que lhe é familiar. Trata-se de um sentimento íntimo. Ele ocorre no nível mais interno e verdadeiro do “eu”. A pessoa em seguida sabe que não poderia explicar esta experiência para mais ninguém. Ao mesmo tempo, a experiência sagrada traz consigo mudanças e potencialidades que fluirão de modo natural desde o interior da sua própria alma.

O convívio com o sagrado dá a você um sentido de paz e de força. Desperta-lhe uma humildade, uma satisfação de ser pequeno. A humildade é irmã da sabedoria eterna e faz com que tenhamos um sentido ilimitado de tempo.

A humildade no caminho espiritual decorre do fato de que nosso contato consciente com o infinito depende de uma certa renúncia. O eu inferior só pode perceber sem intermediários as dimensões sagradas da vida quando transcende os acontecimentos de curto prazo e expande sua visão da evolução da alma de modo a reconhecê-la como um processo de milhões de anos.

O estudo do céu desde um ponto de vista teosófico possibilita esta expansão. A infinitude ocorre no espaço, assim como ocorre no tempo. Os ensinamentos da teosofia original preparam os estudantes para a compreensão da Lei eterna e os capacitam a deixar de lado a ilusão.

A observação da vida como um processo de milhões de anos desenvolve o autoesquecimento e a simplicidade pessoal, sentimentos que frequentemente se manifestam como devoção. Deste modo alcançamos um sentido de liberdade ilimitada, e o medo e a ansiedade tendem a desaparecer. Mas há sempre ilusões a evitar.

 

O Sagrado, o Sacrifício e a Alma

Uma vez que decidimos viver na presença interior do que é sagrado, nossa ingenuidade pode levar-nos a pensar que temos direito a um pouco de conforto e estabilidade ao nosso redor.

Na verdade, o fato de que alguém está tentando viver na presença divina é mais do que suficiente para provocar uma espécie de “febre probatória” que atinge não só o processo do seu carma individual, mas também o seu carma familiar, o carma do seu casamento, de suas relações pessoais e vários níveis do carma coletivo de que ele é parte. Até mesmo o carma de um país é afetado, quando há nele uma nova luz buddhi-manásica cuja chama arde de modo sustentável.

É por isso que o caminho da sabedoria é descrito como desconfortável. Qualquer caminho muito cômodo, caso seja descrito como “espiritual”, é falso e consiste em uma armadilha.

Aquele que busca pela sabedoria pode ser capaz de dar alguma paz aos outros, mas não é necessariamente provável que tenha paz para si mesmo, exceto no plano interno. E isso é suficiente, quando a alma tem a experiência necessária.

Em todas as situações, as expectativas pessoais levam à derrota, enquanto o cumprimento impessoal do dever produz a bênção da vitória interior.

Os que buscam a felicidade exclusivamente em coisas exteriores estão equivocados, assim como os que a buscam no mundo interior. O sagrado e a bem-aventurança não podem ser encontrado exclusivamente “dentro” ou exclusivamente “fora” de si mesmo.

A experiência do que é divino resulta de um tipo específico de interação entre o “interno” e o “externo” que acaba por dissolver o sentido de separação entre as duas coisas.

A EXPERIÊNCIA DIRETA DO SAGRADO
A Bem-Aventurança Ocorre No Meio do Caminho Probatório

Carlos Cardoso Aveline

 

 

A busca da sabedoria é uma coisa, e a busca do sagrado é outra.

A sabedoria está implícita na percepção do sagrado. A percepção do sagrado está implícita na sabedoria. Ainda assim, são duas coisas diferentes. É mais fácil falar da sabedoria.

Se experimentamos diretamente o que é divino, podemos sentir que dizer qualquer coisa a respeito, mesmo para nós 

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