INGRESSEM NO CAMINHO DA REALIZAÇÃO DO DIVINO

 

REDUZAM A CARGA DOS SEUS DESEJOS

 

Deus é a Encarnação do Tempo. O Tempo é eterno. Ele não tem fim. É ilimitado. Em contraste com esse Tempo eterno, a duração da vida humana é muito limitada. Devido ao seu período tempo limitado, o homem é confinado pela passagem do tempo em termos de horas, dias, meses e anos. O Tempo se move rapidamente, como um vendaval tempestuoso. A vida humana esvai-se a cada instante, como um bloco de gelo. Meses e anos passam girando pela Roda do Tempo. Eras vêm e vão, épocas se sucedem, mas a mente do homem permanece como dantes. Qual será o significado do cumprimento “Feliz Ano Novo”, no contexto dessa condição humana? Ele parece uma cena de uma peça no palco do mundo.

 

Realizar o Próprio Ser é Liberação

Aquilo pelo qual vocês aspiram é a Liberação (mukti). O homem é incapaz de ascender espiritualmente porque se deixa oprimir pelas pesadas cargas da sua possessividade (mamakara) e do seu orgulho (ahamkara). A cada dia, ele fica mais e mais pesado. Os seus desejos estão se tornando insaciáveis. O seu egoísmo e interesse próprio estão alcançando os céus. Como poderão uma mente com um fardo pesado e sentidos sobrecarregados ajudar o homem a atingir a Liberação?
Não se encontra a Liberação (moksha) em um lugar específico, nem se pode obtê-la de um preceptor ou de outra pessoa. Realizar o próprio Ser verdadeiro é Liberação. Obcecado com o mundo exterior, preocupado com a aquisição de objetos externos, o homem leva uma vida que se torna, a cada dia, mais opressiva. Somente com a eliminação desses fardos pode-se esperar ascender a alturas espirituais.
Atualmente, associa-se espiritualidade a práticas tais como assistir a palestras de cunho religioso, recitar versos sagrados (slokas), passar as contas de um rosário e conduzir cânticos devocionais (bhajans). Imagina-se que esses meios podem assegurar a Liberação. Isto não é verdadeira espiritualidade. De início, deve-se eliminar a animalidade presente no homem. Livrando-se das qualidades animalescas, passando à condição humana, o homem deve ingressar no caminho da realização do Divino.

 

O Homem Deve Dedicar-se à Investigação Permanente

A animalidade, a condição humana e a divindade estão presentes em todo homem. O que ocorre, hoje em dia, é o crescimento das tendências animalescas no homem. Consequentemente, não se veem qualidades como a bondade, a compaixão e a solidariedade em parte alguma. O egoísmo e o interesse próprio são qualidades animalescas. Um animal se interessa apenas por objetos externos. Não possui visão interna nem poder de discernimento. O homem, no entanto, é dotado tanto de visão interna quanto do poder de discernimento.
O homem, ao contrário do animal, é dotado de uma mente, que lhe confere o poder de investigar como e por que as coisas ocorrem (vicharana shakti). Ele, portanto, deve empreender uma investigação sobre o que é permanente e o que é temporário, o que é verdadeiro e o que é falso, o que é bom e o que é mau. Só quando transcender as suas tendências animalescas é que se tornará verdadeiramente humano. Então, no devido tempo, a sua divindade se manifestará. A divindade é inerente no homem. Ela não vem do exterior, não vem de ninguém. Tem que se manifestar a partir do interior. A qualidade inerente no homem é a divindade, que deve ser realizada por ele, por meio do seu próprio esforço. O princípio do Atma não advém de uma força externa, ele tem por base uma fonte interna.

 

Desenvolvam Novas Ideias e Novos Ideais

Vocês devem desenvolver novas ideias e novos ideais. Sintam a sua unicidade com todos, porque o mesmo Divino reside em cada um. Não sintam ódio por ninguém nem por nenhuma religião.
Dediquem-se à investigação de si próprios para adquirirem o autoconhecimento. Para o refinamento do coração, o primeiro requisito é buscar a companhia dos bons (satsanga). Pelo fato de terem se reunido aqui, puderam obter o benefício da Mensagem de Swami. Junto com boas companhias, vocês devem escutar apenas aquilo que é sagrado e colocá-lo em prática.

 

- Extraído de Discurso proferido por Bhagavan no Ugadi.