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O CAMINHO, A VERDADE E A LUZ

A Arte de Caminhar Sem Carregar Pesos Desnecessários 
John Garrigues (1868-1944)

 


Ainda há no mundo de hoje pessoas que só se preocupam com a supremacia física. Não muito longe desse nível, há gente para quem a vida é uma espécie de competição na qual vence “o mais esperto”. Outros tantos, incapazes de pensar, constroem seu caminho procurando pelos prazeres do momento. Todos estes seres são peregrinos na Grande Viagem da evolução, embora viajem numa escuridão sem consciência.

Por outro lado, há almas para quem a vida se tornou uma peregrinação consciente. A luz de uma certa orientação brilha sempre ao longo do caminho desses seres. Graças à luz, eles veem um plano, e sentem que há um grande propósito em todos os caminhos, mesmo que aparentemente cheios de curvas e desvios. Os peregrinos conscientes sabem que os obstáculos e interrupções são provocados por eles mesmos. Os trechos do caminho que são difíceis e cheios de pedra e que ferem os seus pés não foram feitos assim por outras pessoas.

Os peregrinos conscientes não são almas tímidas e recolhidas. Não estão condenados por algum destino cruel a caminhar sem rumo longe das casas iluminadas. A escolha foi feita voluntariamente por eles: a luz do fogo foi deixada de lado em troca da luz da estrela -; a luz do sol.

O caminho foi mostrado a estas pessoas em resposta a um chamado do seu próprio coração. Elas buscavam por aquela Luz que todos os seres humanos necessitam, e pela qual a maior parte deles anseia; a verdadeira Casa para a qual viajamos; a Luz interior, que foi obscurecida durante algum tempo.

Por que será que este “estreito e antigo caminho, que aponta para longas distâncias” parece ser, tantas vezes, um caminho de sofrimento? Será que enquanto caminhamos não podemos ter com mais intensidade aquele contentamento sentido pelo viajante aventureiro que avança pelo seu caminho, libertado de toda posse ou propriedade?

Ou será que caminhamos sobrecarregados, arrastando conosco coisas desnecessárias? Nós já tivemos o cuidado de fazer uma seleção cuidadosa daquilo que necessitamos durante a viagem, e de eliminar o peso inútil?

“Poucos avançam pelo caminho sem reclamar”. Quando olhamos o peso que é levado pela maioria de nós, percebemos que estamos causando as nossas próprias dificuldades, porque procuramos o que é imortal enquanto nos apegamos ao que é passageiro e transitório. Isso é tão impossível como estar ao mesmo tempo cheio de medo e cheio de coragem; ou como olhar para o eterno do ponto de vista do que é passageiro.

Nós pensamos que a serenidade está no final do caminho e que ela é uma meta. Na verdade ela está apenas um passo à nossa frente.

Para aquele que viaja com um coração cheio de problemas, há algo de doloroso na glória do pôr-do-sol. O bosque escuro que o vento movimenta acima dele reforça e prolonga os seus suspiros; não há paz no movimento das folhas. Mas quando alguém conhece a felicidade interior do coração, todas as coisas contribuem para a caminhada. Poderíamos aproveitar o pensamento de um Viajante sábio e dizer:

“A partir de agora eu não peço mais por boa sorte. Eu próprio sou a boa sorte!”

As velhas recompensas já não são oferecidas. A busca das novas recompensas torna necessária uma luta muito maior. Apesar disso, podemos lembrar que a felicidade de estar a caminho é sempre nossa - se a aceitarmos.

É nosso o contentamento de saber que caminhamos para a frente, de perceber que somos parte essencial do glorioso esquema da evolução do universo, e que fazemos parte do Caminho, da Verdade e da Luz.

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